Afinal, eu sou tudo que incomoda os outros?

Uns dias aí, estava flanando no shopping - uma atividade não muito recorrente na minha rotina - e pensei que poderia encontrar uma camiseta ou vestido pra usar num determinado evento de família. Eu queria um item temático da Marvel (Loki lover), mas aí vi uma camiseta bordada FEMINIST. 

Pensei em comprar. Mas não comprei (pq no fim nem comprei nada, pq na real, eu não precisava...). 

Comentei com a pessoa que estava comigo: "Já pensou que máximo se tivesse uma camiseta escrito FEMINIST / VEGAN / MINIMALIST? Definição da minha pessoa". 

Aí, recebi a bomba (nem foi assim exatamente, mas soou como): "tem alguma forma de você ser mais odiada? Só falta ter LESBIAN".

Parei.
Pensei:

1. Ah, pode ser que um dia aconteça. Pq não? Já mudei tanto, pode ser que um dia eu me descubra assim. Ou não. Não tem problema se isso acontecer.

2. Oi? Como assim, ser mais odiada? Por que esses termos irritam tanto as pessoas? O que de mal e/ou errado estou fazendo?

(defendendo animais? cuidando da minha saúde? fazendo o possível para que mulheres não sofram abusos? não comprando igual uma retardada que se encontra só em bens materiais?)

Mas então lembrei de como e quem eu era. Das piadas que fazia - ou ria. De como julgava as pessoas, ou não entendia a escolha delas. Como eu era INTOLERANTE. Sim. 

E como eu tinha um problema enormão sobre como os outros me viam.

Sendo bem honestona mesmo, até então eu tinha um pouco de receio de dizer (para algumas pessoas) que tinha abolido todos os produtos de origem animal do cardápio (e da rotina). Ou, um pouco de temor em me assumir como feminista, de "rebater" algumas atitudes machistas de pessoas ao meu redor. O pior é que me sentia culpada, MUITO CULPADA, por não assumir quem eu estou me tornando. E sabe por que?

MEDO.
de não ser aceita.
de ser excluída.
de ser julgada.

Mas eis que nesse ano desconstrutivo que passei, aprendi a me questionar sobre emoções e ações - principalmente, quando a palavra MEDO aparece na investigação do que estou sentindo.

Por que afinal estava com medo dos itens acima?

1. Ficar e morrer sozinha, como alguns membros (inferiores?) da minha família costumava dizer que poderia acontecer comigo;

2. As pessoas rirem de mim, zombarem e com isso, eu voltar atrás em tudo que passei e voltar a ser aquela mesma velha pessoa...

E então... por que tanto eu me preocupo com isso? Vamos a mais perguntas:

1. Eu quero essas tais pessoas próximas a mim?
2. A amizade, conteúdo ou presença delas é compatível com quem eu sou hoje?
3. Como eu me sinto quando estou/converso/interajo (ou vejo os posts em redes sociais) com essas pessoas?
4. Quanto essas pessoas participam de fato da minha vida, perguntando como eu estou, me sinto?


A reflexão me trouxe a seguinte conclusão: FODA-SE. Foda-se mesmo. 

Por muito tempo - em números, 29 anos - tudo o que fiz era pensando na reação dos outros. Outros que não viveram o inferno psicológico que ainda tenho dentro de mim, que não pagam minhas contas, que não calçam meus sapatos para entender o caminho que faço todos os dias. 

Outros.
E já dizia a música: os outros são os outros, e só.

Ser feminista me libertou. Ser vegana, mesmo que em tão pouco tempo, deu outra cor à minha vida, minha existência e propósito. E não consumir igual a uma louca, só me fez cada vez mais prestar mais atenção ao que vem de dentro e não de fora.

Quem pode me odiar ou ter intolerância por quem sou hoje, só me resta um pensamento: tchau.
Sobra mais espaço pra trazer quem se identifique e possa agregar.

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