Cuidar de si como propósito: é egoísmo?

Antes de mais nada, afinal, o que é propósito

Já faz um bom tempo que tenho lido muito e refletido ainda mais sobre. Meu status atual é que não sei exatamente definir qual é meu propósito nesta vida, e enquanto não descubro, resolvi criar um propósito pro ano. 

Quando 2016 começou, lembro-me que postei no Instagram que o objetivo do ano seria trabalhar a autoestima. Inconscientemente, isso foi acontecendo sim - hoje vejo a depressão como o caminho para me conhecer e entre uma luta e outra, a força foi elevando minha estima e trazendo a aceitação. Cheguei à conclusão que não faz muito sentido a estima estar lá em cima se eu nem sei quem sou, ou porque quero emagrecer ou ter um sapato novo, por exemplo. É algo mais além.

Para 2017, repeti diversas vezes e para tudo quanto é gente que eu queria um ano zen. Tem noção do que implica ser zen? No meu conceito, significa não estressar demasiadamente por qualquer coisa - e manter um ritmo controlado de emoções (neutralizando altos e baixos). Também inclui ter uma rotina saudável em todos os aspectos (social, física e psicologicamente falando). 

Estamos na reta final do ano e 2017 tem sido zen? 
O ambiente externo me trouxe tudo que poderia me fazer surtar - e sim, surtei mesmo em alguns momentos! - mas em paralelo, ter decidido que eu queria (e precisava) de menos oscilações me fez buscar práticas que trouxessem o autocontrole. Afinal, somos totalmente responsáveis pelas nossas ações e como internalizamos o que o mundo traz, não? Tenho trabalhado isso também. 

Mas e o propósito da vida? Vou ficar "perdendo" anos buscando somente o propósito pessoal - e não social, aquele que tanto falam?

Já cheguei a pensar que talvez meu propósito nesta vida seja apenas resolver os conflitos internos e me levar mais inteira e resolvida para a próxima jornada. Mas fica aquela dúvida: isso não soa muito egoísta? Não seria selfish demais pensar que meu único objetivo é me curar internamente? Tenho pensado sobre isso também.

Junto com a autoestima, a empatia tem sido a palavra chave para o ano (tanto que nomeou o blog e o Instagram). E por ela, estou aprendendo que NÃO É EGOÍSMO cuidar primeiramente de mim e resolver todos meus problemas internos ao longo dessa vida. Não é egocentrismo.

E por que não? Enquanto cuido de mim e me torno uma pessoa melhor, enxergando os outros (aka pessoas, planeta, animais) com o olhar mais caridoso e respeitoso, automaticamente estou fazendo e/ou buscando o bem para estes. Enquanto com um coração duro e frio, não seria capaz nem de respeitar ao próximo. Faz sentido?

Vou citar um exemplo bem recente - e antes de mais nada, não estou generalizando: no domingo, estava caminhando quando passei em frente à um morador de rua, todo sujo, coitado. Ao lado dele, uma igreja e várias pessoas se dirigindo à missa. Ele era invisível. Aquilo me doeu. Quantas vezes levantamos preces pedindo a paz no mundo ou whatever seja, e no dia-a-dia, não enxergamos como poderíamos tornar isso realidade? Não temos a sensibilidade de enxergar como o outro está? E por que não enxergamos? Porque não queremos ver. Ou não estamos prontos. Ou nosso estado interno de empatia, não está aflorado.

No caso acima, eu me senti mal - porque mesmo que não estivesse indo à missa, estava passando ao lado e seguindo a vida, como se fosse algo totalmente comum. Comum, alguém dormindo na rua. Não tendo o que comer. Com isso, comecei a refletir ainda mais entre ser empático e ser egoísta. 

Minha conclusão sobre propósito é que de fato tem que começar por dentro. 

É diferente pensar em você buscando sempre preencher os "buracos" com coisas externas (o que acaba gerando compulsões, por compras, comida, etc.), do que se curar - e com isso, poder se doar aos outros. Ando pensando que quanto mais olhamos para dentro, mais tiramos a venda para enxergar o externo. E quando olhamos demais pro externo, nada vemos. 


Talvez, ao me conhecer, me curar e elevar minha estima, eu consiga transparecer a luz interna e assim, ajudar aos outros - e expandir em outras vertentes o propósito de vida.

Toda essa viagem faz sentido para você? 

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